Suor & Glórias: uma história de empreendedorismo

Nyder Alcides é um empreendedor que, logo no início da pandemia de covid-19, lançou sua loja online, a Suor & Glórias. Com um produto de qualidade e uma estratégia de divulgação bem elaborada, ele conseguiu tornar a marca conhecida por meio do Instagram. Em entrevista à PostOffice, Nyder revela alguns detalhes de seu empreendimento. 

Nyder, para começar, conte-nos sobre o surgimento da marca. 

Criei o nome Suor & Glórias em 2013 com um amigo. Naquela época, eu era bodybuilder e o nome nasceu de uma brincadeira de academia. Havia um cara na academia, lá na Brasilândia, que executava os exercícios e gritava: “agora é só glória!” Era divertido e decidimos fazer uma camiseta com a frase Suor & Glórias. A junção das palavras remete ao suor que a gente despende ao fazer um trabalho, criar algo, acordar cedo, batalhar e, assim, chegar ao sucesso

A parceria com o meu amigo não deu certo, mas decidi resgatar a marca com o propósito que eu tinha desde o início, que era não vinculá-la somente à academia. Eu sempre pensei em uma marca que fosse também casual. Quando pesquisei sobre o nome, vi que não havia nada em uso e que seria, portanto, exclusivo. 

O primeiro produto que você lançou foi o boné. Ele é seu carro-chefe?

Sim, ele é o carro-chefe. É um produto que consigo entregar com alta qualidade. Além disso, o cliente só se preocupa em escolher a cor e se quer aba reta ou curva. Já as roupas, eu ainda estou elaborando melhor para chegar no mesmo nível. Comecei a fazer sob medida, mas é algo bem mais trabalhoso quando você se propõe a entregar peças únicas. Entre as roupas, o que mais deu certo foram os agasalhos. Por isso, hoje o meu foco é seguir na linha dos bonés, agasalhos e também gorros, que tiveram uma ótima saída.

Como foi começar um negócio em plena pandemia?

Quando comecei, no ano passado, a situação do país estava muito crítica e ainda está. Mas, se parar para pensar, o Brasil está em crise desde 1500. Sempre dizem que é durante as crises que surgem as oportunidades. Foi assim, pensando nisso, que percebi que as pessoas estavam reclamando muito por causa do comércio fechado, preocupadas se a economia ia quebrar. Mas na minha visão isso não ia acontecer. Era hora, sim, de criar algo e aproveitar a possibilidade do crescimento do comércio online. Os negócios nunca param de girar. A gente precisa ter isso em mente. Dessa forma, aproveitei o tempo maior em casa para estudar e elaborar as estratégias da marca.

Eu tenho o meu trabalho de contador e preciso conciliar. Não é fácil porque eu cuido das redes sociais da loja, vou aos fornecedores e faço minhas tarefas do escritório de contabilidade. Eu sou muito exigente e quero ir à costureira, à bordadeira, à pessoa que faz o corte. Era algo que eu queria fazer eu mesmo desde o início e sigo fazendo. Às vezes, com tanta coisa, a gente perde o foco. Eu poderia estar mais avançado com a marca. Mas, ao mesmo tempo, foi um período bom para amadurecer as ideias. Eu pretendo, por exemplo, ter uma loja física no ano que vem e me dedicar somente à Suor & Glórias. 

Quando a gente tem uma ideia e começa a desenvolver, tem de ser persistente. Ninguém vai te dizer que dará certo. O mais comum são as pessoas afirmarem, como me falaram: “Você vai montar uma loja no meio da crise? Você está louco?”. Se a gente não tiver uma postura firme e personalidade, acaba ficando na sombra dessas pessoas. 

Você está com um perfil bem elaborado no Instagram. Como montou a estratégia de utilização dessa rede?

Quando lancei o Instagram, eu queria que fosse visualmente limpo, clean. Nessa plataforma, você tem de postar uma foto já pensando na próxima. Eu comecei a postar fazendo mosaicos e, aos poucos, fui pegando o time da rede. 

Ou seja, logo eu entendi que o Instagram é 90% visual. Poucas pessoas leem o que está escrito no feed. Então, eu procurei uma forma de explicar tudo nas fotos. Foi assim que comecei a postar três fotos. Isto é, sempre uma sequência com a ideia de, em primeiro lugar, fazer a pessoa visualizar, em segundo, fixar na cabeça e, por fim, decidir pela compra do produto. 

Eu analiso muito as fotos no Instagram, os cenários que as compõem. Como eu disse, gosto de um visual clean. Eu sempre procuro desfocar o fundo das imagens e deixar o produto em evidência. Também observo como as principais lojas de bonés trabalham. Uma referência para mim é a Blck Brasil. A gente precisa ter visão de mercado. Não adianta, por exemplo, você abrir uma loja para vender só bolo de fubá se os consumidores estão buscando red velvet. Você precisa saber o que é tendência no mercado. Se é Outubro Rosa, vou lançar um boné rosa. Isso não é oportunismo, é estar atento ao que o público quer. 

O crescimento do número de seguidores foi rápido?

No início, o perfil da loja não tinha muito engajamento, mas eu fui aprendendo como angariar mais seguidores. Sempre tem alguém que vem oferecer a compra de seguidores, mas isso não funciona porque, muitas vezes, são perfis que não se identificam com a marca. Por isso, serão apenas números. Por exemplo, algo que eu fiz foi ver posts de produtos similares aos meus, como os bonés, e começar a seguir quem curtiu tal post. Aquela pessoa, se ela realmente gosta de bonés, seguirá minha página de volta. Mas esse não é um trabalho fácil. Em resumo, posso dizer que conquistar seguidores é, de fato, uma tarefa árdua. 

Algo que deu um resultado muito interessante foi quando a presidente Solange Cruz, da Mocidade Alegre — para quem enviei bonés de presente — fez um vídeo de agradecimento. Ela disse na gravação que gostou muito e que recomendava a marca. Como resultado, houve bastante engajamento. 

Como eu disse, tornar o perfil conhecido e aumentar o número de seguidores exigiu muito esforço, mas o resultado foi um boom do ano passado para este. Eu esperava que fosse assim porque eu trabalhei para isso, fiz — e ainda faço — vários cursos de marketing digital, de edição de vídeo, de como manejar o Instagram. O aumento do número de seguidores e mais engajamento são resultado da constância nas publicações e da estratégia adotada. 

Você começou as vendas pelo Instagram, direcionando as pessoas para fazerem os pedidos pelo direct ou pelo WhatsApp. Mas depois fez um site. Por que sentiu essa necessidade?

Porque o Instagram, para liberar o ícone da sacola para venda, pede o site. Também acredito que o site, com todas as informações, como CNPJ, telefone de contato etc, dá mais credibilidade. O site aliado ao Instagram e ao WhatsApp, todos com os dados da loja, passam mais confiança para o cliente. Uma dica que dou é: tenha um site, mesmo que seja simples, porque é importante ter algo formal. Além disso, é bacana não misturar WhatsApp pessoal com profissional, nem utilizar os perfis pessoais de Instagram e Facebook. O ideal é separar tudo e a marca ter seus canais exclusivos. 

Como você vê a Suor & Glórias daqui a 5 anos?

Eu tenho uma meta definida, por isso, é fácil falar como eu vejo a marca daqui a 5 anos. Eu quero ter algo específico e único para vender uma ideia, não só um produto. E espero que a Suor & Glórias seja referência em bonés em São Paulo. Hoje, a dona do mercado aqui é a Blck Brasil. E eu vejo a Suor & Glórias tornando-se uma marca forte na fabricação e venda de bonés nesse período. Até lá, já estarei com a minha loja física com um endereço consolidado.

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